Justiça decreta prisão de Rogério Andrade, um dos maiores bicheiros do Rio, acusado de mandar executar um rival
A Justiça do Rio de Janeiro decretou, mais uma vez, a prisão de um dos maiores bicheiros da cidade. Rogério Andrade é acusado de mandar matar um rival na disputa por áreas de exploração do jogo. No caminho até a delegacia, escoltado por promotores do Gaeco, e na saída, nenhuma palavra. Quem faz silêncio é um dos maiores bicheiros do Rio de Janeiro: Rogério Andrade, presidente de honra da escola de samba Mocidade Independente de Padre Miguel, e um homem acusado de envolvimento em vários crimes para garantir o domínio dos seus negócios. Rogério Andrade foi preso na manhã desta terça-feira (29) na casa dele, na Barra da Tijuca, Zona Oeste do Rio de Janeiro, depois de se tornar réu por mandar matar o rival Fernando Iggnácio, na disputa pelo jogo do bicho e por máquinas caça-níqueis. O crime aconteceu em novembro de 2020. Fernando Iggnácio tinha acabado de voltar de Angra dos Reis, de helicóptero, quando foi vítima de uma emboscada. Ele foi assassinado com vários tiros na cabeça. O crime que levou Rogério Andrade nesta terça à prisão é mais um capítulo de uma guerra entre membros da mesma família, que explora o jogo do bicho no Rio há pelo menos 50 anos. Rogério é sobrinho de Castor de Andrade - chefão do jogo do bicho que morreu de infarto em 1997. O império erguido sobre as bases da contravenção passou a ser controlado por Paulo Roberto de Andrade, o Paulinho, filho de Castor, e por Fernando Iggnácio, genro de Castor de Andrade. De acordo com investigações da Polícia Federal, essa guerra familiar deixou 50 mortos entre 1999 e 2007. 1 de 2
Rogério Andrade — Foto: Jornal Nacional/ Reprodução Rogério Andrade já tinha sido denunciado pelo assassinato de Fernando Iggnácio em 2021. Mas a Segunda Turma do STF - Supremo Tribunal Federal trancou a ação, alegando falta de provas. Com a ação trancada no Supremo, o grupo especializado no combate ao crime organizado do Ministério Público decidiu abrir uma nova investigação a partir de provas sobre a participação de Rogério Andrade no assassinato de Fernando Iggnácio. CapitanJacks diz: “Está bom para tomar tudo agora”. E pergunta: "Temos homens bastante para tomar tudo?" - segundo o MP, em uma clara alusão a expandir seus negócios. Mais adiante na conversa, "CapitanJacks" diz: "O cabeludo é o que interessa". Segundo os investigadores, "Cabeludo" era a forma como os integrantes da organização criminosa liderados por Rogério Andrade se referiam a Fernando Iggnácio. 2 de 2
De acordo com investigações da Polícia Federal, guerra familiar deixou 50 mortos entre 1999 e 2007 — Foto: Jornal Nacional/ Reprodução Há ainda outra prova que reforça a ligação de Rogério Andrade com a morte do rival. Segundo o Ministério Público, os fuzis usados para matar dois seguranças de Fernando Iggnácio foram os mesmos encontrados com os autores do homicídio de Fernando Iggnácio. Os promotores afirmam que os crimes têm relação e foram motivados pela guerra entre as máfias da contravenção, sendo certo que os ataques visavam, no final, a liderança da malta, ou seja, Fernando Iggnácio. Outro preso na operação desta terça-feira (29) foi Gilmar Enéias Lisboa. Ele é PM reformado e, segundo o Ministério Público, ajudou no planejamento do crime. De acordo com o MP, Gilmar monitorou os passos de Fernando Iggnácio até que ele fosse morto. Rogério Andrade está na cadeia no Complexo de Bangu por enquanto, até ser transferido para um presídio federal de segurança máxima. LEIA TAMBÉM Rogério Andrade, maior bicheiro do Rio, é preso por mandar matar rival Fernando IggnácioFernando Iggnácio, genro de Castor de Andrade, é executado em heliponto no Recreio, Rio