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Gilmar Mendes anula condenações de José Dirceu na Lava Jato assinadas por Sergio Moro

O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Gilmar Mendes anulou nesta segunda-feira (28) todos os atos processuais do ex-juiz Sergio Moro contra o ex-ministro José Dirceu no âmbito da operação Lava Jato. ➡️ A decisão atinge, inclusive, as condenações assinadas por Moro contra Dirceu. ➡️ Ao fazer isso, anula também decisões de instâncias superiores que tenham confirmado essas condenações. O ministro, inclusive, enviou cópia da decisão ao Superior Tribunal de Justiça (STJ) – onde há dois recursos de Dirceu aguardando julgamento. Gilmar Mendes atendeu a um pedido da defesa do político e estendeu a Dirceu os efeitos da decisão do STF que considerou Sergio Moro suspeito para atuar em processos contra o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (entenda os processos mais abaixo). Dirceu poderá concorrer nas eleições de 2026? Entenda Em nota, a defesa afirmou que José Dirceu "recebeu com tranquilidade a decisão" e "sempre confiou na Justiça". O ex-juiz Sergio Moro e o ex-procurador Deltan Dallagnol criticaram a anulação das condenações em uma rede social (leia trechos das manifestações aqui). Para Mendes, há indícios de que Moro atuou contra Dirceu para chegar a Lula. Na decisão, o magistrado diz que os indícios levados ao STF mostram que a mesma falta de isenção de Moro em relação a Lula "também impediu que José Dirceu tivesse direito a um julgamento justo e imparcial". "Os elementos concretos [...] demonstram que a confraria formada pelo ex-Juiz Sergio Moro e os Procuradores da Curitiba encarava a condenação de Dirceu como objetivo a ser alcançado para alicerçar as denúncias que, em seguida, seriam oferecidas contra Luiz Inácio Lula da Silva", diz Gilmar Mendes. Para o ministro, a anulação dos atos se justifica diante de “indicativos de que juiz e procuradores ajustaram estratégias contra esses réus, tendo a condenação de um deles como alicerce da denúncia oferecida contra o outro". Em manifestação ao STF, o procurador-geral da República, Paulo Gonet, defendeu a rejeição da solicitação de José Dirceu que levou à decisão de Gilmar Mendes. Para Gonet, o pedido de extensão não deveria ser analisado pela Suprema Corte, sendo que a defesa do ex-ministro não mostrou uma conexão direta entre o caso dele e o julgamento de Lula. José Dirceu foi preso pela Operação Lava Jato em agosto de 2015 por suposta prática de corrupção em contratos da Petrobras. Ele foi acusado de receber propina de fornecedores da Petrobras. Em razão disso, foi condenado a 20 anos e 10 meses de prisão pelo então juiz federal Sérgio Moro, do Paraná. Quando foi preso preventivamente, o petista cumpria pena de prisão domiciliar por condenação no esquema de compra de apoio no Legislativo que ficou conhecido como mensalão. Um ano e nove meses depois de ser preso preventivamente pela Lava Jato, Dirceu foi solto, em maio de 2017, por uma decisão da Segunda Turma do STF. Ele teve, no entanto, de cumprir uma série de medidas alternativas à prisão, como proibição de deixar o país. Perdão de pena no mensalão Antes disso, em outubro de 2016, o ministro Luís Roberto Barroso, do STF, já havia concedido o perdão de pena imposta a José Dirceu no mensalão, que foi de 7 anos e 11 meses de prisão. Barroso entendeu, à época, que o petista atendia aos critérios do chamado indulto natalino, decreto presidencial previsto na Constituição e publicado anualmente. O indulto prevê o perdão da pena para condenados que se encaixam em pré-requisitos definidos pelo Conselho Nacional de Política Criminal e Penitenciária: era réu primário e cumpriu um quarto da punição à qual foi condenado. 1 de 3 José Dirceu em sessão solene no Congresso, em abril de 2024 — Foto: Geraldo Magela/Agência Senado José Dirceu Leia a nota pulgada pela defesa do ex-ministro: O ex-ministro José Dirceu recebeu com tranquilidade a decisão do Supremo Tribunal Federal que anula todas as condenações da operação Lava Jato que incidem contra ele. A decisão, que restitui seus direitos políticos, entende que os processos contra Dirceu tinham por objetivo real atingir o presidente Luís Inácio Lula da Silva, o que demonstra a quebra de parcialidade das ações. A anulação atende ao pedido da defesa do ex-ministro, que solicitou a extensão da decisão da 2ª Turma do Supremo que considerou parciais as decisões da Lava Jato e do ex-juiz Sergio Moro nos casos que envolvem o presidente Lula. José Dirceu sempre confiou na Justiça. 2 de 3 Senador Sergio Moro, em imagem de março de 2024 — Foto: Ton Molina/Fotoarena/Estadão Conteúdo Sergio Moro "Não existe base convincente para anulação da condenação de José Dirceu na Lava Jato. Além da condenação anterior no Mensalão, foi ele condenado na Lava Jato por três instâncias, inclusive pelo STJ. Segundo esses julgados, há prova documental do pagamento de suborno oriundo de contratos da Petrobras. Todos esses magistrados estavam de conluio? Um conluio do qual não há registro ou prova, apenas uma fantasia! O combate à corrupção foi esvaziado no Brasil sob a benção do Governo Lula/PT". 3 de 3 O ex-deputado Deltan Dallagnol, cassado pelo TSE — Foto: TON MOLINA/FOTOARENA/FOTOARENA/ESTADÃO CONTEÚDO "O ministro Gilmar Mendes, sempre ele, anulou todas as condenações de José Dirceu na Lava Jato, além de todos os atos processuais assinados pelo ex-juiz Sergio Moro em relação a Dirceu. Com isso, Dirceu deixa de ser ficha-suja e já pode voltar a se candidatar a deputado federal pelo PT em 2026, como o próprio Dirceu já deixou claro ser seu plano em várias entrevistas. Dirceu tinha uma condenação pendente por ter recebido propina da empreiteira Engevix no esquema de corrupção na Petrobras revelado pela Lava Jato. A pena, definida pelo STJ em 2022, era de 27 anos de prisão. Dirceu está, agora, livre, leve e solto".
29/10/2024 (00:00)
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